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Política alimentar e redes de ativistas na cidade: atingindo lugares onde a comida e as políticas não chegam
De acordo com as pesquisas sobre as relações Estado-sociedade que informam a política urbana e alimentar, os movimentos sociais e a sociedade civil são atores centrais para a mudança social graças à sua capacidade de desenvolver iniciativas alimentares alternativas, organizar redes e influenciar políticas públicas. Celebrada como pioneira mundial em governança alimentar e segurança nutricional, Belo Horizonte apresenta lições sobre o papel desempenhado pelas redes de ativistas, incluindo o ativismo institucional nas políticas alimentares. Em que medida a política alimentar é capaz de conectar as aspirações da ecologia urbana alternativa com a justiça alimentar na cidade? Para responder a essa pergunta, realizamos grupos focais com atores estatais e organizações da sociedade civil (OSCs) envolvidos em sistemas alimentares urbanos desde a década de 1990 para revelar o caráter híbrido dessas iniciativas/ redes de ativistas, que transcendem as fronteiras institucionais e impulsionam uma transformação socioecológica mais ampla no sistema alimentar urbano por meio da agroecologia. À medida que a crise da fome se aprofundava durante a COVID-19, os movimentos sociais e os atores estatais criaram iniciativas para levar alimentos frescos, ecológicos, nutritivos e de qualidade, a lugares que tais alimentos não estavam chegando na cidade. Nossa investigação revela, em primeiro lugar, que ao longo de três décadas, as redes compostas por atores estatais e OSCs desempenharam um papel fundamental na política e nas políticas públicas alimentares de Belo Horizonte, conectando as periferias com o centro, onde as políticas públicas são formuladas. Entretanto, as desigualdades alimentares decorrentes da segregação espacial continuam sendo um desafio para políticas alimentares mais inclusivas. Em segundo lugar, ao analisar participantes ativos na política alimentar da cidade desde a década de 1990, nossos dados mostram a importância de rastrear as redes Estado-sociedade ao longo do tempo, em vez de se concentrar em momentos críticos de construção institucional. Por fim, o caso de Belo Horizonte mostra como as redes locais podem influenciar as políticas públicas e os atores em escalas mais amplas, até mesmo em nível nacional.