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Forschungsjournal Soziale Bewegungen • 2025

Conflitos sobre o futuro da agricultura: protestos de movimentos conservadores e progressistas na transformação socioecológica

Abstrato

A emergência de um regime alimentar corporativo-ambiental na Alemanha deu origem a movimentos opostos. O movimento progressista critica as políticas ambientais atuais na agricultura como insuficientes e pede mudanças estruturais profundas. Em contrapartida, o movimento conservador rejeita em grande parte as regulamentações ambientais e se opõe a uma transformação sócio-ecológica. Este artigo apresenta descobertas de duas pesquisas quantitativas sobre protestos realizadas no início de 2024 durante manifestações em Berlim: o protesto progressista “Wir haben es satt!” (“Estamos cansados!”) e a “Kundgebung von Landwirtschaft und Transportgewerbe” (“Manifestações do Setor Agrícola e de Transporte”). Para explorar os conflitos de transformação na agricultura, analisamos a composição de classes e as motivações dos participantes dos protestos. Também comparamos as atitudes agrárias e sociopolíticas entre os dois movimentos para identificar áreas de convergência, divergência e polarização. Nossas descobertas mostram que, além de algumas opiniões compartilhadas, os dois protestos diferem significativamente em suas posições sobre políticas agrícolas. A polarização mais pronunciada diz respeito às atitudes em relação ao movimento ambiental. Atribuímos essas diferenças às distintas orientações políticas dos protestos. Nossa conclusão é que a politização das questões agrárias dificulta esforços para construir um consenso sobre o futuro da agricultura. Embora ambos os movimentos critiquem o regime alimentar corporativo-ambiental, apenas o movimento progressista articula uma visão positiva de uma agricultura agroecológica e socialmente integrada para o futuro.

Renata Motta, Lea Zentgraf, Judith Müller, Birgit Peuker

Revista do CESOP • 2025

Insegurança alimentar e desigualdades alimentares no Brasil no contexto da pandemia

Abstrato

O artigo analisa a situação de insegurança alimentar (IA) e segurança alimentar (SA) no Brasil, destacando seus condicionantes e a ocorrência desigual entre grupos populacionais. A partir de dados de uma pesquisa de opinião de 2020, o conceito de desigualdades alimentares é utilizado para interpretar os resultados, considerando três dimensões: multidimensionalidade, escalas espaciais e marcadores interseccionais. Também é examinado o papel do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial na mitigação da IA. Conclui-se que as crises econômica e política, agravadas pela pandemia, intensificaram a IA, especialmente entre grupos vulneráveis, e que, apesar de políticas públicas atenuarem seus efeitos, foram insuficientes para mitigar a IA, o que sugere a necessidade de políticas mais robustas.

Milene Pessoa, Larissa Loures, Eryka Galindo, Marco Antonio Teixeira, Lucio Rennó, Renata Motta, Melissa De Araújo

ELSEVIER • 2025

Política alimentar e redes de ativistas na cidade: atingindo lugares onde a comida e as políticas não chegam

Abstrato

De acordo com as pesquisas sobre as relações Estado-sociedade que informam a política urbana e alimentar, os movimentos sociais e a sociedade civil são atores centrais para a mudança social graças à sua capacidade de desenvolver iniciativas alimentares alternativas, organizar redes e influenciar políticas públicas. Celebrada como pioneira mundial em governança alimentar e segurança nutricional, Belo Horizonte apresenta lições sobre o papel desempenhado pelas redes de ativistas, incluindo o ativismo institucional nas políticas alimentares. Em que medida a política alimentar é capaz de conectar as aspirações da ecologia urbana alternativa com a justiça alimentar na cidade? Para responder a essa pergunta, realizamos grupos focais com atores estatais e organizações da sociedade civil (OSCs) envolvidos em sistemas alimentares urbanos desde a década de 1990 para revelar o caráter híbrido dessas iniciativas/ redes de ativistas, que transcendem as fronteiras institucionais e impulsionam uma transformação socioecológica mais ampla no sistema alimentar urbano por meio da agroecologia. À medida que a crise da fome se aprofundava durante a COVID-19, os movimentos sociais e os atores estatais criaram iniciativas para levar alimentos frescos, ecológicos, nutritivos e de qualidade, a lugares que tais alimentos não estavam chegando na cidade. Nossa investigação revela, em primeiro lugar, que ao longo de três décadas, as redes compostas por atores estatais e OSCs desempenharam um papel fundamental na política e nas políticas públicas alimentares de Belo Horizonte, conectando as periferias com o centro, onde as políticas públicas são formuladas. Entretanto, as desigualdades alimentares decorrentes da segregação espacial continuam sendo um desafio para políticas alimentares mais inclusivas. Em segundo lugar, ao analisar participantes ativos na política alimentar da cidade desde a década de 1990, nossos dados mostram a importância de rastrear as redes Estado-sociedade ao longo do tempo, em vez de se concentrar em momentos críticos de construção institucional. Por fim, o caso de Belo Horizonte mostra como as redes locais podem influenciar as políticas públicas e os atores em escalas mais amplas, até mesmo em nível nacional.

Renata Motta, Maria Eugenia Trombini

Multidisciplinary Journal for Circular Economy and Sustainable Management of Residues • 2024

SUSTAINABLE INTERVENTIONS TO MANAGE RETAIL FOOD WASTE: A SCOPING REVIEW

Abstrato

O artigo aborda o desperdício de alimentos (DA) no setor varejista e seu impacto na economia, sustentabilidade, segurança alimentar e clima. Apresenta uma revisão de escopo que identifica e categoriza 43 estudos sobre intervenções para reduzir o DA no varejo, com base em quatro bancos de dados eletrônicos.

A revisão encontrou 132 intervenções em 41 países, principalmente na Europa (73,2%), com os supermercados implementando 86,4% dessas iniciativas, direcionadas tanto a consumidores (50,8%) quanto às suas operações (46,2%). As intervenções foram classificadas em sete categorias usando um quadro hierárquico de desperdício de alimentos, com foco em medidas preventivas, como campanhas de conscientização, redução de preços, otimizações operacionais, regulamentações legais e reaproveitamento de alimentos por meio de doações. Essas estratégias são promissoras e merecem mais exploração, com cerca de metade quantificando seus impactos ambientais, sociais e econômicos.

Os resultados enfatizam a necessidade de um aumento no investimento em pesquisa no Sul Global.

Rethinking Sustainability in Urban Areas • 2024

Rethinking Sustainability in Urban Areas: São Paulo, London, Berlin

Abstrato

Publicado no livro “Rethinking Sustainability in Urban Areas”, Lea Zentgraf contribuiu para o capítulo “Sustainable Interventions to Manage Retail Food Waste in São Paulo and London”, junto com Ana Maria de Castro, Cézar Luquine Jr., Daniel Conde e Ribka Metaferia, abordando questões sociais e ambientais urbanas, como a degradação de espaços verdes, a falta de moradia e o desperdício de alimentos. A pesquisa, parte do programa ‘Global Research Academy’, envolveu doutorandos da Universidade de São Paulo, Freie Universität Berlin e King’s College London. O estudo foi realizado em Londres, Berlim e São Paulo, comparando os desafios únicos dessas cidades e apresentando recomendações para a sustentabilidade. As conclusões, supervisionadas pelos professores Fabio Kon, Sérgio Costa e Dr. Robert Cowley, estão disponíveis no repositório da USP. O programa foi apoiado pelos escritórios de cooperação internacional das universidades participantes.

Lea Zentgraf, Ana Maria De Castro, Cézar Luquine Jr., Daniel Conde, Ribka Metaferia

Springer link • 2024

Broadening the Climate Movement: The Marcha das Margaridas’ Agenda for the Climate (and Other) Crises

Abstrato

Movimentos climáticos liderados por estudantes e jovens em todo o mundo (e, em particular, aqueles em economias mais ricas) têm sido reconhecidos por terem uma voz formidável e fazerem contribuições importantes para uma transformação societal mais radical para enfrentar a crise climática. No entanto, pouco se fala sobre a contribuição dos setores populares, que estão mobilizando há décadas e exigindo transformações estruturais mais amplas, com propostas que abordam questões ambientais de maneira mais abrangente e a crise climática em particular, mas que não estão diretamente envolvidos nas arenas políticas climáticas, como as conferências das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Geralmente retratados como vulneráveis, como os mais afetados pelos eventos climáticos, como vítimas e receptores de estratégias de adaptação, ou como resilientes, raramente os setores populares aparecem como agentes de transformação. Estudiosos críticos têm defendido a compreensão da crise climática como parte de múltiplas crises, incluindo a crise da biodiversidade, a crise do cuidado e a crise da democracia. Situando nosso artigo dentro dessa bolsa de estudos, argumentamos que o debate acadêmico e societal sobre as mudanças climáticas se beneficiará ainda mais ao ampliar o escopo de quais sujeitos sociais são considerados parte do movimento climático. Com base em nossa pesquisa com movimentos feministas populares rurais no Brasil e, em particular, na coalizão Marcha das Margaridas, abordamos as seguintes perguntas: como seus diagnósticos e propostas para superar a crise climática estão incorporados em seu projeto mais amplo de transformação? Além disso, como a identidade política delas dentro das categorias de classe, gênero e ruralidade informa suas posições?

Marco Antonio Teixeira, Renata Motta